Conversa ao pé do ouvido

Conversa ao pé do ouvido!

A ideia desta coluna  é termos uma conversa mais próxima sobre as dificuldades e problemas auditivos, que são tão ou muito mais comuns que você possa imaginar. Quem daí nunca sentiu um zumbido no ouvido? Uma sensação de ouvido tampado? A sensação de que ouve melhor de um ouvido do que do outro? Hã? Que? Deve ter sido distração... Acontece comigo, contigo, com aquela ali do lado e até com as crianças!

Sou fonoaudióloga , e durante minha formação, sempre tive a certeza de que me formaria e trabalharia com crianças e seus problemas de linguagem. Quem me conhece sabe que tenho tendências a querer cuidar e zelar pela educação, algo que transita no sangue da família... Mas, aos poucos, uma nova paixão foi surgindo, e o ouvido e suas complexidades foram tomando conta do coração.

Me formei em 2002 e logo tive o convite do saudoso Dr. Gilberto Mesquita para trabalhar com audiologia e otoneurologia. Muitos desafios e uma gratidão eterna ao homem que me abriu caminhos para este trabalho maravilhoso!  Trabalho com queixas de zumbido, deficiência auditiva, tonturas.  Escuto relatos de pessoas que se isolam da própria família pois não conseguem acompanhar as conversas no almoço de domingo. Crianças que sofrem nas escolas porque não acompanham o ritmo das aulas. Jovens adultos que deixam de sair com amigos por vergonha de não conseguirem compreender uma conversa animada no bar!  Não é incomum ouvir estes e outros desabafos de tristezas e solidão. Mas, sobretudo eu trabalho com sons e principalmente em como devolver sons às pessoas.

Muita coisa mudou nestes anos de fonoaudióloga. A medicina se supera a cada instante. Cada vez mais rápidos, os avanços tecnológicos vão nos proporcionando qualidade de vida e muito conforto.  Mas o que eu enxergo? De um lado toda tecnologia disponível para chegarmos muito próximos dos sons reais. E do outro lado pessoas com dificuldades de ouvir não acessando a estas tecnologias por vergonha!

É isto mesmo? Por que a grande maioria das pessoas prefere não ouvir bem a ter que usar um aparelho auditivo? Usar aparelho auditivo é coisa de velho? É coisa de quem não tem mais nada a fazer na vida?

Eu adoro o som dos pássaros, do meu filho me chamando no meio da noite, do tic tac do relógio da cozinha e até o som da noite. Quando, porventura, meus ouvidos cansarem, vou me dar ao luxo de continuar ouvindo os sons que amo, porque o silêncio é muito solitário.

abraços da fono Fernanda!